Astronomia x Astrologia - Entenda as diferenças e similaridades

Quando falamos sobre o cosmos, astros e o universo, surgem os termos "Astronomia" e "Astrologia", que frequentemente aparecem juntos, levando a uma confusão comum sobre suas verdadeiras naturezas.

Apesar de compartilharem raízes históricas, seguiram caminhos distintos ao longo dos últimos séculos, em especial após o século XVII. Para compreender, é preciso explorar as principais diferenças entre Astronomia e Astrologia, entendendo suas origens, objetivos e o impacto que cada uma tem em nossas vidas e na compreensão do universo em que vivemos.

A origem da Astrologia e Astronomia - Onde tudo começou

Antes de traçarmos a linha divisória, é importante entender que ambas compartilham um ponto de partida comum na história.

Nas antigas civilizações, não havia uma distinção clara entre o estudo dos corpos celestes e a interpretação dos seus movimentos como indicadores de eventos terrestres. Tanto os babilônios, quanto os egípcios observavam o céu com fascínio, na esperança de entendê-lo e também para prever acontecimentos, o tempo das colheitas e até mesmo “nascimentos importantes”, como de membros da realeza ou figuras de grande destaque reais.

Neste sentido, entende-se que ambas eram praticadas pelas mesmas pessoas, sendo a Astrologia uma espécie de engenharia da Astronomia, ou seja, a aplicação prática, de organização social, na contagem dos tempos e nas predições cíclicas coletivas.

Enquanto a Astronomia evoluiu para se tornar uma ciência rigorosa, baseada na observação, no cálculo e no entendimento físico dos corpos celestes, a Astrologia seguiu um caminho diferente. Ela permaneceu como uma prática observacional, interpretativa e analítica, com forte caráter semiótico. Seus estudos se baseiam nos movimentos dos planetas, da Lua e das estrelas, aplicados em diversas áreas.

Historicamente, a Astrologia serviu como referência para a agricultura, a saúde, a medicina, a botânica e a formulação de medicamentos. Além disso, foi utilizada para prever ciclos coletivos e influenciar conceitos como a doutrina dos humores, as percepções sobre o mal-estar psicológico, as vocações, os temperamentos e até o destino individual.

A astrologia esteve nas Universidades europeias do século XIII ao século XVII junto da Astronomia e da Física, onde se estudavam as "Ciências Naturais", dentro do Quadrivium Universitário, sendo consideradas lícitas pela filosofia de São Tomás de Aquino, o novo interlocutor da Igreja no Renascimento, em sua relação com a Religião.

A Astrologia, portanto, nunca deixou de usar a Física e a Astronomia, bem como a Matemática e o mundo natural como base.

O que é Astronomia?

Astronomia é a ciência que estuda o universo além da atmosfera terrestre. Ela abrange o estudo dos corpos celestes, como planetas, estrelas, galáxias, e fenômenos cósmicos, como buracos negros e supernovas.

Astrônomos utilizam ferramentas como telescópios e sondas espaciais para observar, medir e entender o comportamento do universo.

A astronomia se divide em várias subdisciplinas, como, por exemplo:

• Astrofísica: o estudo das propriedades físicas e químicas dos corpos celestes.
• Cosmologia: a ciência que investiga a origem e evolução do universo.
• Astronomia observacional: focada na coleta de dados sobre o universo visível.

Um aspecto crucial da astronomia é que ela é baseada em dados empíricos, isto é, dados coletados por meio de experiências práticas, medições ou observações no mundo real, e que podem ser verificáveis e replicáveis ou em métodos científicos, utilizando-se modelos de Física e Matemática para sustentá-los.

A Astronomia busca responder perguntas fundamentais sobre a formação de estrelas, o destino do universo e a possibilidade de vida fora da Terra. Interessante, não é mesmo?

Assim, na Astronomia, os efeitos biológicos, a relação entre o Céu e a Terra sob os aspectos subjetivos, a evolução natural, que criariam tangências com saberes não exatos como as ciências da vida e a evolução neuronal por conta do meio ambiente, não são objetivos fundamentais.

Lembramos que as ciências exatas reconhecem como ciência disciplinas baseadas no rigor da matemática e da física. Medicina, Biologia, Psicologia, etc. não são baseadas em Matemática e, portanto, estão fora da discussão da Astrofísica, da Cosmologia e da Astronomia. Assim, a Astronomia conserva muito de seu caráter disciplinar, sem adentrar tanto em outras áreas.

Agora vamos entender a Astrologia!

O que é Astrologia?

Astrologia, por outro lado, não é somente uma prática que interpreta a posição e o movimento dos corpos celestes em relação à Terra, com o objetivo de traçar perfis comportamentais. Ela estuda padrões de forma sistemática, aplicando-os a efeitos coletivos e individuais.

Pode-se dizer que a Astrologia estuda as inter-relações causais diretas e indiretas dos movimentos cinemáticos com os eventos em geral, associados à bio (vegetais, animais, seres vivos, homem, cultura, etc.) em uma determinada biosfera estável por conta da estabilidade de um astro que orbita uma estrela principal em estado de equilíbrio que a deixa estável: no caso, o nosso Sol.

Esta dinâmica permite a emergência dos ciclos, dos ritmos terrestres e celestes, das memórias ambientais e a adaptação. Em seu escopo, a Astrologia sustenta um olhar integrado e transdisciplinar que passa por muitas áreas, tais como: Astronomia, Cosmologia, Sistema solar, Atmosfera, Meio ambiente, evolução natural, memória, neurociência da evolução, Psicologia e Comportamento.

Em síntese, as relações entre o meio ambiente espacial e local. Por defender um modelo de complexidade, integrando o universo ao Homem, indo do que há de mais antigo (astros e céu) e mais recente na emergência da complexidade evolutiva do Universo (consciência), ela se obriga a ser transdisciplinar.

Assim sendo, é uma ferramenta de diagnóstico que pode levar ao autoconhecimento, o que pode aprimorar as vivências individuais e sociais. Além disso, é um guia e modelo para procedimentos analíticos que podem auxiliar na evolução espiritual e pessoal, na orientação vocacional e até mesmo na orientação de decisões relevantes.

A Astrologia, construída com base na conexão de padrões celestes e terrestres, é atestada por centenas de astrólogos históricos, como Ptolomeu de Alexandria, Kepler e Cardano. Em seus estudos, registram-se suas observações, juntamente com os estudos de estatística do século XX realizados pela Universidade de Sorbonne e pelo Casal Gauquelin. Esses conceitos ainda são estudados globalmente.

Segundo as discussões em Thomas Kuhn e Carl Popper, os debates sobre a Astrologia Culta são contraditórios e difíceis de se entender, porque ela nem poderia estar nas disciplinas humanas, nem nas exatas, por conta de seu caráter dúbio, ou seja, ela tem um misto das duas coisas.

A definição de "pseudociência" para a Astrologia significa, neste caso, que ela não pode requerer o status de exatidão exigido pela ciência tradicional. Ambos os pensadores concordam que os resultados finais obtidos a partir de cálculos astronômicos e matemáticos não podem se configurar como precisos.

Poper e Kuhn também elencam que para que a Astrologia se torne um saber respeitável, ela precisa estar em constante atualização, usar de meios tecnológicos sempre atualizados, se afastarem da ideia de crença, criarem um modelo lógico para tentar explicá-la (mesmo que rudimentar), dialogar e trabalhar segundo o avanço das outras áreas do saber, que são características de pensamentos respeitáveis. Sob estes pontos todos, existe muito bom senso.

Ptolomeu de Alexandria (II d.C.) em seu Tetrabiblos, afirma que a Astrologia, por relacionar o céu exato com coisas dotadas de vida e psicologia, portanto subjetivas, não teriam a mesma precisão que a Astronomia e a Matemática. Seria importante, portanto, se ter flexibilidade. Dai entra o fato de não se enquadrar nas ciências exatas e ser uma pseudociência (disciplina que usa matemática e física, mas que não é precisa no resultado final).

Edgar Morin afirma que a Astrologia é a mais científica das disciplinas humanas (por partir exclusivamente da Matemática, Física e Astronomia) e a mais humana das disciplinas que se utilizam das exatas. Como modelo psicológico, é a única que usa Física e Astronomia para diagnósticos.

Por conta do divórcio litigioso das ciências Humanas e Exatas há vários séculos, qualquer conhecimento que as aproxime pode suscitar calorosas negativas, naturalmente, de ambos os lados.

Existem várias práticas, sistemas, entre outros, como:

• Astrologia natal: focada na interpretação do mapa astral, criado a partir da data, hora e local de nascimento de uma pessoa;
• Astrologia vocacional: envolvendo a análise de mapas astrais para identificar talentos, habilidades e possíveis caminhos profissionais;
• Sinastria do relacionamento: um método potente para analisar a compatibilidade entre duas pessoas com base em seus mapas astrais. Que inclusive você encontra aqui no Astrolink - em nosso Mapa Astral do Amor.
• Sinastria Empresarial: para estudo de potenciais individuais para se trabalhar juntos;
• Predições: estudos que visam um planejamento dos meses futuros em vários aspectos da existência - você pode ter acesso no seu Horóscopo Personalizado;
• Astrologia Coletiva ou Mundial: estuda os ciclos de longo prazo que atingem âmbitos sociais, econômicos, culturais, geopolíticos, etc.
• Astrologia Histórica: estuda de forma acadêmica a relação da Astrologia com a documentação histórica, filosófica, cultural, história da ciência, etc.

Astronomia x astrologia: onde elas se encontram?

Embora a Astronomia e a Astrologia tenham divergido como disciplinas distintas, a partir do século XVII, elas continuam a se cruzar em alguns aspectos culturais e históricos. Algumas considerações importantes são:

• Ambas estudam o céu e seus movimentos, mas para finalidades diferentes;
• Muitos astrônomos, como Ptolomeu, Kepler, Ticho-Brahe, Galileo, deixaram documentado suas práticas astrológicas. Portanto, foram Astrônomos e Astrólogos do ponto de vista histórico;
• Ambas se baseiam em posições astronômicas corretas de acordo com os princípios fundamentais da mecânica celeste e da Astronomia esférica;
• Os glifos usados para os astros principais do Sistema Solar são os mesmos;
• As posições celestes na Astronomia são rigorosamente as mesmas usadas na Astrologia;
• Os nomes dos setores do Zodíaco e as constelações são os mesmos, apesar de um nada ter haver com o outro;
• O sistema eclíptico de referências em Astronomia é o mesmo que em Astrologia, que fundamenta o Zodíaco Eclíptico;
• Na Astrologia culta, respeitam-se os avanços e descobertas da Astronomia e os integra, como aconteceu com Urano, Netuno e Plutão. Assim, existem interfaces de respeitabilidade ao menos por parte de astrólogos esclarecidos.

Para simplificar - Qual é a diferença entre astronomia e astrologia?

As principais diferenças são:

Astronomia

• Baseada em observação científica - Utiliza telescópios e outros instrumentos para coletar dados empíricos;
• Estudo dos corpos celestes - Analisa estrelas, planetas, galáxias e outros fenômenos cósmicos;
• Uso de cálculos matemático - Também emprega matemática e física, mas com o objetivo de entender o comportamento do universo;
• Disciplina acadêmica - Reconhecida como uma ciência rigorosa, com subcampos como astrofísica e cosmologia;
• Busca por explicações universais - Investiga a origem, evolução e futuro do universo;
• É pensada de forma disciplinar - Atem-se ao campo das Ciências exatas.

Astrologia

• Baseada em observação de padrões - utiliza sinais celestes conjugados e eventos ligados à biosfera, dentre os quais o humano e a sociedade. Utiliza computadores, métodos estatísticos, bancos de dados históricos, lógicos e semióticos para o entendimento desta relação. Opera pelo modelo da transdisciplinaridade e complexidade;
• Modelo de aplicação astronômica - a Astrologia seria um modelo de aplicação da Astronomia, na prática, transformando-a em ferramentas de mensuração, predição e descrição de modelos de funcionamento de estruturas biológicas e organizações humanas na Terra;
• Estuda corpos celestes e o céu em subdivisões e ciclos - relaciona dados históricos de mais de 250 tratados históricos deixados desde o helenismo grego e os modernos estudos de Estatística. Tais sinais são integrados sob uma técnica chamada de Astrosíntese - ou Semiose de Linguagem Astrológica;
• Usa cálculos matemáticos que refletem a mecânica celeste e a gravitação universal - parte de algo exato, o relacionando com algo de reações inexatas (bio, sistema nervoso, psicologia do sujeito, etc.);
• Disciplina considerada de nível superior em alguns países - Pela dificuldade de suas definições como Humanas ou Exatas, a Astrologia ela fica em um tipo de limbo disciplinar difícil de ser entendido e é um tema de conhecimento fronteiriço entre o que é, e o que não é, pertencente ao mundo universitário. Não se pode igualmente deixar de lado os preconceitos e a visão distorcida que se tem do termo "Astrologia" em alguns países;
• Pensada de forma transdisciplinar - implica em um saber que envolve Astronomia, Cosmologia, evolução natural, Biologia, Neurociência da Anatomia, Memória, Psicologia e Ciências Sociais. Neste caso em especial, as transições entre ou comuns a estes saberes, como na origem estelar de nosso corpo, ou aos relógios biológicos das espécies, etc.

Respeitabilidade

Para finalizar, astrólogos e estudiosos sérios respeitam profundamente o saber da Astronomia, da Física e da Cosmologia, estudando sempre. Estas áreas são essenciais para os estudos de Astrologia, pois suas bases repousam aí.

Como astrólogos desse tipo estudam Astronomia, mas, ao contrário, astrônomos tendem a não se interessarem por Astrologia, é mais do que natural que astrólogos tenham mais o papel de procurar, aproximar, divulgar e esclarecer sobre este assunto do que o contrário.

Desta forma, estudiosos de sérios propósitos não se indispõem, nem são opositores de astrônomos. Pelo contrário, veem-se ambos os estudos como irmãos históricos.

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